Os olhos surpresos da
mãe na hora do parto refletiam as duas crianças, praticamente iguais pra falar
a verdade, como isso poderia ter acontecido, os médicos ainda estavam
incrédulos tentando arranjar uma explicação para o que havia acontecido. Ela estava
grávida de apenas uma criança, especificamente uma menina, mas quem era aquela
outra garotinha, isso não pôde ser explicado. A estranha garotinha ganhou o
nome de Deuxi, enquanto sua irmã foi nomeada de Premi, apesar das duas serem
quase iguais na aparência, eram totalmente diferentes na personalidade e no
caráter, enquanto Prem era alegre, extrovertida, cheia de amigas, Dê era a
‘esquisita da turma’, não tinha amigos, era tímida, vivia pelos cantos e mal
falava com ninguém. A infância das duas foi repleta de desigualdades, Dê tinha
dificuldade em tudo, enquanto sua irmã era o contrário, Prem era a primeira em
tudo, desde à participar nas aulas escola até em ajudar a mãe nas obrigações. A mãe das meninas as
tratava-as de um modo bem desigual, enquanto demonstrava o quanto amava Prem, e
lhe dava atenção, olhava com certa estranheza para a outra filha e a tratava de
uma maneira muito menos digna de uma mãe tratar uma filha, e Prem do mesmo
modo, tinha vergonha da irmã quando estava com as amigas, e tentava manter uma
certa distância. Dê era forte, e nem se importava com isso, também não se
importava com as críticas que recebia na escola, nem com as meninas que ficavam
rindo dela no intervalo da aula, ela achava muito idiota o modo que tais
pessoas agiam, e não se importava de certo modo, apenas sentia pena de todas
aquelas pessoas, vazias, tão iguais, mais iguais que ela e sua irmã, ela apenas
observava tudo de longe enquanto escrevia em seu caderno. Ela nunca havia
conhecido o pai, a mãe só falara algumas vezes dele, e a única coisa que ela
sabia é que sua mãe havia o conhecido em um bar, os dois se apaixonaram, ele a
engravidou, e logo após sumiu sem deixar rastros, ela havia pensado na
possibilidade de entregar a criança para a adoção, mas como ela tinha um
problema que tornava difícil para ela ter filhos, isso foi como um presente já
que ela queria uma filha a muito tempo, então resolveu ter e cuidar da garota.
Para Dê, o pai era alguém muito especial, como se eles fossem bem próximos. Os anos se passaram, e já fazia dez anos que as duas
gêmeas haviam nascido, as coisas não mudaram muito, Prem fazia parte da
turminha popular da escola, enquanto Dê continuava solitária com seu caderno,
tudo continuou do mesmo modo até as duas gêmeas serem chamadas na diretoria da
escola, era uma manhã fria de segunda, elas estavam na aula de artes, Prem no
seu círculo de amigas conversando sem dar muita bola pra aula, e Dê no final da
sala quieta e tímida como sempre, foi, quando a diretora foi até a porta da
classe e chamou as duas, Prem olhou da diretora pra irmã com uma expressão que lembrava desprezo,
e passou primeiro na porta sem olhar para trás acompanhando a diretora. Ao
chegarem à sala da diretora, a mesma começou a falar em rodeios por cerca de
uns dois minutos, até chegar no ponto onde queria chegar:
-Eles a encontraram
caída no chão da sala, acham que teve um ataque, não se sabe ao certo, alguém
pode ter evenenado-a ou algo do tipo, estão esperando o resultado da autópsia...
Prem ficou
desesperada, logo se pôs a chorar, não podia acreditar que a mãe havia
falecido, já Dê apenas observava tudo com uma expressão vazia nos olhos, sem
saber o que pensar, ou talvez soubesse. A menina teve de ouvir a irmã chorando o dia todo, entrando
pela noite, isso até na manhã seguinte, onde Dê se levantou, e foi para um
lugar perto de sua casa onde costumava ir e sentar para escrever um pouco como
sempre fazia, mas onde antes não havia nada, encontrou a irmã presa pelo pescoço com
uma corda que lá havia antes, a menina simplesmente sentou no seu balanço e
ficou observando o corpo da irmã balançando sem vida, até que apareceu um homem
na sua frente, a fitou por alguns segundos e falou:
-Como você conseguiu
amarrá-la a essa altura?
Deuxi deu um
sorrisinho de leve e falou:
-Eu tenho meus
truques, agora vamos que temos mais pactos a fazer.
A menina levantou-se
do balanço, segurou a mão do homem, e juntos os dois caminharam em direção ao
nada até sumir de vista.
Dez horas mais tarde
encontraram o corpo de uma garotinha enforcado próximo a casa onde a mãe foi
encontrada morta, e enquanto isso do outro lado da cidade, médicos ainda estavam incrédulos tentando arranjar uma explicação para o que havia acontecido, ela estava grávida de apenas uma criança, especificamente um menino, mas quem era aquela outra garotinha, isso não pôde ser explicado, a mãe olhou surpresa para a filha inesperada, e a menina deu um sorrisinho de leve, o único problema é que a mulher tinha uma doença que a impossibilitava de qualquer modo de ter filhos..
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